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Mostrando postagens de agosto, 2023

Demiurgo

Se eu for comprar pão, num domingo a tarde, você volta comigo? Se eu decidir ir ao cinema ver algo do Woody Allen, você me espera com a pipoca? Se eu rabiscar teu nome em algum banco de praça, jura que vê e que sorri algo bobo com os lábios? Se eu sair do bar com alguns litros de cerveja na conta, você escuta os poemas que fiz depois das cinco? É que eu lembrei de ti. Se eu tomar um banho de cheiro, você me enche de alguns? Adoraria sentir teu fungado ao pé do ouvido. Se for, me diz. Não vou te esperar. Vou com você.

Em si

náufrago, duas tendas untadas com grãos de areia decidiram rabiscar o luto dentro de ti languindo, devagar e sólido, aquele sorriso firme de coisas não ditas das coisas faladas, alguns risos e dobraduras de papel. não sei muito bem o que restou. se restou, talvez o vento tenha levado. tudo. como um sopro.

Ontem

Ontem sonhei com você. Vinha, saltimbanco, vestida de cetim calçava uns miúdos à tejo languida, menor em tenacidade, luzia dois mínimos num canto máximo.

Montanhas

Quando desci descobri que o caminho era meio torto, mas condição De fazer das outras coisas, pelo caminho, um joguete ébrio de dias azuis Pintando aquarelas incolores Descolorindo os Pollock que te dei de presente e você Alma de passarinho, deixou tombarem como Somoza Ante Sandino.

Lembra disso

A estante Virada do avesso Tombou dúzias de ti Num assomo de calma E uns canaviais Parece coisa torta Como essas histórias que tu me conta Vez ou outra Mas, é só esse teu jeito livro De mostrar alguma coisa E mudar de assunto no parágrafo seguinte