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Mostrando postagens de dezembro, 2023

Ensaio

ando ensaiando os deslizamentos de mim vez ou outra, amontoam-se os endereços onde não sei chegar e, nos dias de frio, desfaço o chocolate quente, os carinhos, a chuva tilintando o telhado... ando buscando novas certezas, novos olhares uma vez, por isso o faço, li que mudar a direção em que se anda não é tão ruim não chego perto de você por ser distante não ensaio o que não somos por medo não desaviso a moça da cocada porque faltou-nos dinheiro eu apenas ensaio meu desmedimento no compasso morno desses nossos abraços distantes nessa intimidade repleta de segredos e esconderijos eu apenas desencontro o teu jeito de ser e figurando, náutico, como um saltimbanco, construo a melhor seção de mim em reverses do que fomos um dia.

Wevelly

na verdade, eu nem sei o que escrever queria conseguir falar do teu jeito de pintar as unhas de borrar um lado e performar no outro queria conseguir te falar da forma boba que cê tem de riscar seu nome do jeito melindroso de pedir permissão pra encher o copo de cerveja com guardanapo queria conseguir expressar minha admiração pelo seu gosto por comida pelo paladar refinado em se tratando de massa e vinhos mas, eu não consigo. se o que está aqui, agora, é um texto qualquer acredite, ele quase não existia se um dia e se ver isso queria te dizer que você figura entre as personagens mais emblemáticas da minha história torta das dobraduras e do todo resto. Abba nunca mais será a mesma depois de você.

Fim de festa

duas andorinhas, em um final de tarde, lidam com o sol laranja das acácias que fazem verão perto delas, recolhido, há um senhor ouvindo Chet Baker em um radinho à tiracolo não muito longe, como que de forma amena, um grupo de amigos reúne vida e juventude eu, sentado nesse banco de praça, visto um linho azul cor de índigo trago memórias, saudades e medos irrompo os vestidos longos e os faço parecer Debussy, afinal escondem o claro luar de qualquer arranjo apaixono-me pela moça de laranja que passou com Darcy entre os braços ela me sorri um tanto de lado e penso se estou sonhando ou se estou vivo em ambos os casos, ela não estará aqui.

Vestidinho verde

eu assisti teu vestido balançar o vento e vi, nesse meio tempo, tudo de ti, meio termo, construir o destempero de tuas idas. verde-esmeralda e um jasmin, que não sei de onde tirei, compunham os destroços de mim plantados em qualquer esfera. nada, atmosféricamente nada, conseguiu me dester do íntimo tato dessa linha feita de resquício do último abraço.