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Mostrando postagens de março, 2024

Conquistas

Tem dias que acordo e lembro do papai.Fico pensando em como ele iria reagir as minhas conquistas. Ainda não perfazem todas as que pretendo ter ou alcançar, mas são coisas que nem imaginava ter. Coisa de sonho mesmo, sabe. Fico pensando em como ele iria reagir ao fato de estar morando na cidade de sua nascitura; em como iria reagir aos valores que recebo; ao fato de ter viajado de avião e pra São Paulo. Mas, acho que a única certeza que tenho do meu pai é a sua memória e uma ausência que não sei se, algum dia, entenderei. A ausência dele me fez entender que sou minha eterna companhia, e, sou muito grato.  Te amo, carequinha. Se existir um depois, espero te encontrar por lá. ❤️

Confúcio

queria ter desligado as unhas antes da tua costa

Lua e Skynet

não sei acudir ninguém nem dizer que estou por outros nunca estiveram por mim e os que estiveram, não soube por isso, os amo

Polar

murmurei teu nome duas vezes sem pudor foi ali, frente ao medo, que as menores amostras de mim refizeram meu suor untado com carmim dois tons de gengibre e um terço de cetim 505 toques La, n'algum canto, um vidro acetil-colina refletia nossas vergonhas teus sorrisos escancarados desmontaram todos os meus medos sei da tua ida pela manhã regresso é algo que inventamos você nunca partiu.

Alvenaria

bati palmas estava fechado abriram a caixa postal abriram os envelopes abriram as formas de dizer e sumiram com duas casas capim, molhado como terno, a alvenaria de João disse, tarde, esvair com a chuva um altar de outras casas mesmo casa de gente úmida não sei muito bem como se mora nem como se deixa de morar você sabe? sabe como faz pra juntar tempo num lugar que acaba?

Sushi

onde que diz pra duas casas migrarem de tamanho? tem tamanho que caiba na saudade? como que acorda amor nos olhos de criança? eu sempre fiz poema pra recriar tudo hoje, eu faço poema.

Lua

Calma, ela pegou os doces que estavam sobre a mesa e os levou à boca. Estava linda. Digo, ela, descabelada e chateada com a situação de ontem à noite, ainda teve a fineza de levar à boca um punhado de açúcar. Olhei de soslaio. Parecia que presenciava algo inédito. Uma verdadeira demonstração do quanto o universo pode ser inesperado. "Vai, deixa disso e vem pra cá", ela gritou de longe. Eu ri e disse estar lendo. Ela franziu o rosto como uma gatinha fazendo manha. Sorri. Levantei. Estava lendo Camus, mas ela, naquele momento, era bem mais interessante. Com uma das minhas camisas, estava com um hálito de café-com-leite-e-canela. Respirava dois jeitos de desejo bem espaçados; na algibeira, um cigarro sujo de batom. "Anda guardando bituca, é?"; "Claro que não. Isso aqui é como um beijo: pode te matar, mas eu guardo como lembrança do porquê ainda estou viva."