Sentir medo é normal, não é? Não aquele medo repentino da coisa inexistente ou vindoura. Falo daquele medo emergente e posto com certo acaso. Isso é normal, não é? Dia desses, passando por alguns lugares, me dei conta de que caminhar e me ver caminhando tem muito a ver com medo. Minha terapeuta acha o cúmulo eu dizer que comparo isso com sentir medo. Mas, explico. Primeiro, caminhar lhe coloca em uma posição de descoberta sem igual. Você descobre novos grânulos de arreia, buracos, transeuntes, pedaços de vidro, calçadas ocupadas por todo tipo de entulho... Enfim, você descobre que as coisas mudaram de lugar, que a tia do café não vem mais por conta do preço do aluguel, que o locutor da feira decidiu se aposentar por conta de um infarto, que a moça que se despia no meio da rua mudou de ato e virou crente... Você começa a se dar conta que caminhar é essa descoberta inteira. E, para mim, nada mais aterrador que o novo. Tudo que é novo causa medo, não acha? Pelo menos, eu acho que sim. Seg