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Mostrando postagens de outubro, 2024

Vermelho

uma trupe de meio-mundos aportou no cais no convés, erguido ante sussuros envaidecidos, havia um vermelho cor de sangue ungido pela neblina avistei-o de longe, ressequido, turvo, complacente ou não? tumir, como disse antes, o licor feérico daquele instante sem titubeios ou convalescenças sem frenezi ou amor de mãe do vermelho distante, o brilho ao fundo, vi-a ergue-se como luz finda à escuridão olhos de carmin, pele de algodão na cintura, o punhal nas mãos, o licor como nunca antes, nas tantas desventuras na contramão do mundo em linha reta, fitei-a cobrime-me de medos lábios cerrados cor de encarnado, os lábios teus cigana!, gritei em baixo do travesseiro

Querida

Estou ouvindo aquela canção de segunda-feira. Antes, fiz dois dedos de chá. Bebi com dois navios. Acordei ainda pouco, melancólico como friozinho da tarde. Mencionei sair, mas tropecei naquele montinho. Por ocasião, refiz as horas e luzi metade do tempo como um arco dourado e límpido. Agora, as coisas estão onde deveriam estar. Sentado, aprecio a movimentação e os gestos, aqueles dilemas no sinal de trânsito e o sorvete que topou com o chão em tão densa escadaria. Parece que estamos relâmpago nas coisas. É tudo tão rápido, ainda que estrondoso minutos depois. “Onde queres um lar, revolução”, disse o Caetano. Dizemos algo hoje? Vestimos de que medo nossas coragens? Por onde passeiam as estradas do tempo? Passei o dia tentando encontrar respostas para problemas de lógica. Decidi que não é possível inventar o mundo. Talvez já tenham inventado um antes de mim. Pensei no amor, que acredito ser qualquer coisa menos um balão vermelho. O caminhante, o amor caminha porque não há caminho.

Carmim

eu sei que teu cabelo encoberta o assalto que fizeram ao banco central naquele dia, eu estivera acovardado pelos saguões, levantaram, sem titubear, arguições sem medo, tiros feitos de licor bravio, e algumas pessoas, que ali passavam, sentiram um amanhã que jamais tocaria o chão não sei se você pôde perceber, mas nada foi como ontem e nunca mais será como amanhã cada assalto a mão armada tirou de mim sorrisos complacentes vivitudes sem nexos e alguns ladrilhos de tentação.