Vermelho

uma trupe de meio-mundos
aportou no cais

no convés, erguido ante sussuros envaidecidos,
havia um vermelho cor de sangue
ungido pela neblina

avistei-o de longe, ressequido, turvo,
complacente
ou não?

tumir, como disse antes, o licor feérico daquele instante
sem titubeios ou convalescenças
sem frenezi ou amor de mãe

do vermelho distante, o brilho
ao fundo, vi-a ergue-se como luz finda à escuridão

olhos de carmin, pele de algodão
na cintura, o punhal
nas mãos, o licor

como nunca antes, nas tantas desventuras
na contramão do mundo em linha reta,
fitei-a
cobrime-me de medos

lábios cerrados
cor de encarnado, os lábios teus

cigana!, gritei em baixo do travesseiro




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