Querida

Estou ouvindo aquela canção de segunda-feira. Antes, fiz dois dedos de chá. Bebi com dois navios. Acordei ainda pouco, melancólico como friozinho da tarde. Mencionei sair, mas tropecei naquele montinho. Por ocasião, refiz as horas e luzi metade do tempo como um arco dourado e límpido. Agora, as coisas estão onde deveriam estar. Sentado, aprecio a movimentação e os gestos, aqueles dilemas no sinal de trânsito e o sorvete que topou com o chão em tão densa escadaria. Parece que estamos relâmpago nas coisas. É tudo tão rápido, ainda que estrondoso minutos depois. “Onde queres um lar, revolução”, disse o Caetano. Dizemos algo hoje? Vestimos de que medo nossas coragens? Por onde passeiam as estradas do tempo? Passei o dia tentando encontrar respostas para problemas de lógica. Decidi que não é possível inventar o mundo. Talvez já tenham inventado um antes de mim. Pensei no amor, que acredito ser qualquer coisa menos um balão vermelho. O caminhante, o amor caminha porque não há caminho.

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