fica no meu pescoço. marca teu cheiro em mim. cicatriza os teus toques em cada sentido meu. não preciso de assinatura. não preciso de semeaduras. a sina de ser um cheiro teu já me abastece. iludir o tempo entre memórias já me satisfaz. sou a eterna temperatura dos teus arrepios em mim. sou o âmbar desse teu sorriso escancarado. quem sabe você decide, língua úmida, esculpir todas as tuas súmulas em mim. quem sabe, suor e carne, façamos de Campilho a nossa maior advogada. caso queira, o Lusovini que não tomamos ainda está aqui.
ando ensaiando os deslizamentos de mim vez ou outra, amontoam-se os endereços onde não sei chegar e, nos dias de frio, desfaço o chocolate quente, os carinhos, a chuva tilintando o telhado... ando buscando novas certezas, novos olhares uma vez, por isso o faço, li que mudar a direção em que se anda não é tão ruim não chego perto de você por ser distante não ensaio o que não somos por medo não desaviso a moça da cocada porque faltou-nos dinheiro eu apenas ensaio meu desmedimento no compasso morno desses nossos abraços distantes nessa intimidade repleta de segredos e esconderijos eu apenas desencontro o teu jeito de ser e figurando, náutico, como um saltimbanco, construo a melhor seção de mim em reverses do que fomos um dia.
uma trupe de meio-mundos aportou no cais no convés, erguido ante sussuros envaidecidos, havia um vermelho cor de sangue ungido pela neblina avistei-o de longe, ressequido, turvo, complacente ou não? tumir, como disse antes, o licor feérico daquele instante sem titubeios ou convalescenças sem frenezi ou amor de mãe do vermelho distante, o brilho ao fundo, vi-a ergue-se como luz finda à escuridão olhos de carmin, pele de algodão na cintura, o punhal nas mãos, o licor como nunca antes, nas tantas desventuras na contramão do mundo em linha reta, fitei-a cobrime-me de medos lábios cerrados cor de encarnado, os lábios teus cigana!, gritei em baixo do travesseiro
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