Ultimato nº 02

desmentindo os azuis desse laço que nos emudece,
nunca sonhei em te dizer algo além de mim

toda verdade é um assalto de sobriedade
cada minuto trás consigo um instante
mesmo sentado, assumo o tombo de te ter por minutos

nunca fiz tanto sentido
nas curvas austeras desse sonho que tivemos uma única vez

dia desses, me pega pelo braço e me leva daqui
eu deixo você buscar em mim respostas que não precisa
eu deixo você riscar seu nome em cada canto de mim

eu deixaria você rasurar o Neruda que nunca li, por medo de dobrar as páginas

não sou a melhor escolha
talvez nem seja passível de escolher.

mas, de verdade, isso é um ultimato, não uma sonata.

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