Eu

houve um tempo em que me acreditei isento
um par aurora dos sem iguais que já cruzaram meu caminho

nesse tempo, como tempestade, vi-me enfeito
do mais inevitável olor que já pousara sobre o dia

passo a passo,
as notas indigestas desse caminho foram acorrentando
meu sono
ferindo meus olhos e sagrando furor onde
nunca existiu santidade

das minhas verdades, as maiores:
sexo é um timoneiro bêbado que vaga pela neblina
amor é um cajado solitário esperando companhia

se um dia eu for menos eu, do que sou agora
existirá, na alvorada dos meus sonhos mais vivos,
um breve resquício de todos os meus outros eus
dos quais nunca tive coragem de ser?

e você, que me lê, a gramática ainda te aquece?

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